Por Netally Vitória
Edição de áudio de Thiago Costa
Acompanhe a entrevista com Marquinhos do MST sobre justiça climática, racismo ambiental e preservação do bioma Cerrado
Dia 11 de setembro é o dia do Cerrado, em 22 de Setembro se inicia a primavera. Com tanta data para ser comemorada o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Tocantins realizou um ato em defesa da justiça climática e de combate ao racismo ambiental, e escolheu o dia da árvore, 21 de setembro.
O coordenador do Movimento Sem Terra no Tocantins, Antônio Marcos disse que “os processos de formação e as estratégias que o MST tem utilizado, incluindo a mais recente, o Plano Nacional de Planta-Árvores, que visa plantar 100 milhões de árvores em 10 anos”, é um levante para a defesa do Cerrado e dos povos que o habita.






As duas principais ameaças à biodiversidade do Cerrado estão relacionadas a duas atividades econômicas: a monocultura intensiva de grãos e a pecuária extensiva de baixa tecnologia.
As bacias hidrográficas do Cerrado estão secando e perdendo sua capacidade de abastecer alguns dos principais rios brasileiros, como o Madeira, o Paraná, o Araguaia, o Tocantins, o Xingu e o São Francisco.
O fenômeno resulta de uma combinação de fatores, relacionados à diminuição do volume de chuvas e ao aumento da perda de água no solo por evaporação e pela transpiração das plantas, combinação conhecida como evapotranspiração. MAZIONE, R. L (et al) revista científica Regional Environmental Change.)
A degradação crescente do bioma Cerrado, as queimadas, o desequilíbrio ambiental foi o que motivou o MST a chamar a sociedade para unir forças na luta por um futuro mais sustentável, buscando justiça climática.
Segundo Marcos, que é técnico agrícola, com experiência em ciências agrárias e agroecologia, “a justiça climática é fundamental para enfrentar a crise climática de forma equitativa”, explica. “O público vulnerável, os grupos sociais, as classes menos favorecidas são os que mais sofrem com o desequilíbrio ambiental, há uma desigualdade significativa no que diz respeito aos impactos”, afirma.
Marquinhos explica que “o MST luta contra esses desastres anunciados que grandes empresas causam ao meio ambiente”. Na opinião do coordenador do MST “no Tocantins, o projeto Matopiba é um exemplo típico dessas fronteiras que promovem grandes desmatamentos no Cerrado, envenenam a água, o ar, a terra, e expulsam os povos e comunidades tradicionais camponesas do campo”.
A degradação do Cerrado impacta diretamente a vida de comunidades tradicionais, povos indígenas e agricultores familiares que dependem do bioma para viver, agravando as desigualdades socioambientais e o racismo ambiental.
“O agronegócio não consegue produzir soja no Cerrado sem desmatamento, queimada, grilagem de terras, violência e expulsão de camponeses e trabalhadores”, ressalta.
“Este é um momento de resistência e união. A mobilização do MST reflete a importância da preservação do nosso bioma”, finaliza.
Na primeira foto a arvore caída passou pela técnica conhecida como ‘correntão’, é empregada por fazendeiros na derrubada ilegal de grandes árvores e na limpeza de propriedades. A técnica é responsável pela derrubada de centenas de árvores nativas, entre elas o Jatobá, Cambará e a Itaúba, são derrubadas pela corrente, que ganha força ao ser puxada por um trator.
A corrente atinge a parte mais baixa do tronco e sobe até a copa, tirando a árvore pela raiz. A vegetação com maior valor comercial é retirada e levada por caminhões para outras localidades.
Foto 1 – Fazenda Araguarina em Miranorte
O Tocantins é um dos estados brasileiros com maior tradição na criação de bovinos de corte, contando, atualmente, com um rebanho de 8 milhões de animais, distribuídos em todas as regiões do estado
Foto 2 – Rebanho bovino solto no pasto de fazenda em Miranorte-Tocantins
Os povos e comunidades tradicionais que vivem no cerrado sobrevivem dos recursos naturais, são povos indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras e vazanteiros. Todos detêm conhecimento tradicional da biodiversidade e fazem parte do patrimônio histórico e cultural do Brasil.
Foto 3 – Comunidade quilombola de Rio Preto – TO
A bacia do rio Formoso é um exemplo de que, na perspectiva capitalista, a água é um
produto e serve para a geração do lucro, para a exploração, dentro de uma lógica mercadológica e predatória, onde os impactos negativos sobre a natureza e as populações são ignorados. Ao longo do rio estão instaladas 98 bombas hidráulicas (RANGEL, L. C. at al.)
Foto 4 – Elevatórias construidas pelos fazendeiros em Lagoa da Confusão
O Cerrado está em chamas. 54.298 incêndios atingiram o bioma desde o início deste ano até a metade da segunda semana de setembro. O número já ultrapassa o total de focos computados ao longo dos doze meses de 2023, quando foram registrados 50.713 incêndios. Os dados são do monitoramento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Foto 5 – Gramíneas africanas, como o capim braquiária, introduzido no Brasil para servir de pastagem para bovinos propagam rapidamente o fogo







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