Artigo de Opinião

👩🦯 Permita-me também uma breve autodescrição:
Minha pele é clara, cor de leite; meus cabelos e olhos têm o tom do café, profundos como a bebida quente que tanto amo.
Minhas sobrancelhas são bem delineadas, o nariz levemente arrebitado e a boca em formato de coração.
Por Rebeca Barroso Lima
Mulheres Extraordinárias: Quando a Limitação Sensorial Se Torna Potência 🌟 Este é o primeiro texto de uma coluna dedicada a discutir acessibilidade, diversidade e inclusão sob múltiplos prismas. Mais do que abordar desafios, quero destacar conquistas, desmistificar barreiras e dar visibilidade a histórias inspiradoras. Afinal, inclusão não é apenas um direito, mas um enriquecimento para toda a sociedade.
Neste texto inaugural, em homenagem ao mês das mulheres, convido você a conhecer trajetórias de mulheres com limitação sensorial que desafiaram estatísticas e se tornaram referências em suas áreas. Suas histórias mostram que a limitação não está nelas, mas na forma como a sociedade se organiza e percebe a diversidade humana. Quem Sou Eu? Uma Perspectiva a Partir da Experiência Permita-me uma breve apresentação.
Sou Rebeca Barroso Lima , pesquisadora apaixonada por acessibilidade cultural e por formas de tornar a arte e o conhecimento mais inclusivos.
Atuo como consultora atípica em diversidade, inclusão e audiodescrição pelo grupo de pesquisa Legendagem e Audiodescrição (LEAD/UECE) , e integro o projeto Fotografia Tátil da Universidade Federal do Ceará (UFC) , que desenvolve estratégias acessíveis para aproximar pessoas com limitação sensorial do universo das artes bidimensionais, como a fotografia e a pintura.
Minha trajetória acadêmica inclui uma pós-graduação em Linguística Aplicada, com foco em audiodescrição e obras táteis. Sou licenciada em Letras (Português e Italiano), pesquisadora de mediações culturais acessíveis e artista invisual — um termo que ressignifica minha relação com a arte e a percepção do mundo.
Acredito que acessibilidade não deve ser um complemento, mas um eixo central das políticas culturais, educacionais e sociais.
👩🦯 Minha identidade também se entrelaça com minha família não humana: sou mãe da Bambina, uma labradora chocolate de olhos dourados (que agora vive na memória e no coração), e irmã do Lilo, um gato de pelagem mesclada de preto, marrom e cappuccino, com olhos verde-amarelados que brilham em sua travessura constante.
Ah! Ao longo deste texto, você encontrará alguns termos que talvez sejam novos. Fique tranquilo — no final, explicamos cada um deles. Mulheres que Redefinem o Conceito de Possibilidade Ao longo da história, mulheres com limitação sensorial enfrentaram barreiras sociais, estruturais e atitudinais que buscavam restringi-las ao silêncio e à invisibilidade. No mercado de trabalho, as oportunidades ainda são escassas, e os estereótipos persistem.
Dados do IBGE de 2022 revelam que apenas 22,4% das mulheres com deficiência estão empregadas, em contraste com 50,8% das mulheres sem deficiência.
Além disso, a renda média das mulheres com deficiência é 34% menor , situando-se em torno de R$ 1.553 mensais .
A taxa de informalidade também é mais alta — 55% contra 38,7% entre pessoas sem deficiência.
Esses números evidenciam a urgência de políticas públicas e iniciativas que promovam a inclusão e a equidade no mercado de trabalho, garantindo oportunidades justas e condições adequadas para todas as pessoas.
Ainda assim, há quem desafie essas estatísticas e abra caminhos para outras mulheres. Elas são exemplos de resiliência, criatividade e inovação — provando que capacidade é uma construção social, e que o talento pode florescer mesmo diante de inúmeras barreiras. Seis Mulheres que Transformam Realidades :
• Samanta Bullock – Moda Inclusiva e Representatividade Ex-tenista paralímpica brasileira, Samanta transformou sua experiência em uma plataforma para revolucionar a moda. Fundou a SB Shop, marca dedicada à moda inclusiva, com roupas pensadas para diferentes corpos — especialmente de pessoas cadeirantes.
• Ashcharya Peiris – Criando Beleza Além da Visão Após perder a visão em um atentado no Sri Lanka, tornou-se designer de moda e fundou a marca Christina Glory. Sua trajetória prova que o senso estético vai muito além da visão.
• Shani Dhanda – Quebrando Barreiras na Ásia Com osteogênese imperfeita, fundou a Asian Disability Network e o Asian Women Festival, ampliando o debate sobre acessibilidade, raça e gênero.
• Nidhi Goyal – O Humor Como Ferramenta de Ativismo Ativista indiana, Nidhi usa a comédia para questionar estereótipos e provocar reflexões profundas sobre acessibilidade e deficiência.
• Kadri Keung – Moda e Tecnologia a Serviço da Acessibilidade Criadora da Rhys Company, marca que adapta roupas para diferentes corpos e necessidades. Seu trabalho une design, funcionalidade e inclusão.
• Carmen Álvarez – Empreendedorismo e Autonomia Primeira pessoa com síndrome de Down a abrir uma loja própria na Espanha, Carmen prova que inclusão significa também autonomia e protagonismo.
Saiba Mais: Termos Para Refletir • Pessoas com Deficiência Termo utilizado para se referir a indivíduos que possuem limitações físicas, sensoriais, intelectuais ou múltiplas. O foco está nos direitos e na autonomia dessas pessoas.
• Pessoas com Limitação Sensorial Refere-se a pessoas com alterações nos sentidos, como visão e audição. O termo busca destacar que a limitação está nas barreiras do ambiente, e não na pessoa.
• Capacitismo Forma de discriminação que desvaloriza ou exclui pessoas com deficiência, baseando-se na ideia de que seus corpos são “inferiores” ou “menos capazes”.
• Acessibilidade Atitudinal Conjunto de comportamentos e atitudes que promovem respeito, escuta e acolhimento da diversidade, combatendo preconceitos e estigmas.
• Desenho Universal Conceito que propõe a criação de espaços, produtos e serviços que possam ser utilizados por todas as pessoas, independentemente de suas características ou condições. Violência Contra Mulheres: A Urgência da Mudança Estrutural O mês de março nos inspira a celebrar conquistas femininas, mas também nos lembra da dura realidade enfrentada por muitas mulheres.
A Lei do Feminicídio, em vigor há dez anos, trouxe visibilidade ao problema, mas desde então foram registrados 11.859 casos — fora as subnotificações.
Assim como a luta por acessibilidade vai além de rampas, a segurança das mulheres exige mais do que penas mais duras. Precisamos de mudanças culturais profundas, baseadas em educação e redes de apoio efetivas.
Construir um mundo mais acessível e inclusivo significa também torná-lo mais seguro para todas as mulheres. Fechamento: Quando a Acessibilidade se Torna Transformação As histórias que compartilhamos aqui mostram que, quando há oportunidade e reconhecimento, as barreiras podem se transformar em degraus rumo ao sucesso.

Nesta coluna, traremos essas reflexões, histórias e provocações.
Nos reencontramos no próximo mês. Até lá, que tal refletir sobre o papel da acessibilidade no seu cotidiano? Com afeto e compromisso, Becca 🦊🧩🌻🌈 Consultora atípica em diversidade, inclusão e audiodescrição
Pesquisadora em mediações culturais acessDoutoranda em Linguística Aplicada – UECE
Contato: lupobiancodinewyork@gmail.com
Redes sociais: @rebeccabarrosolim





