Fenelon Milhomen e Netally Vitória
Entre os dias 21 e 28 de agosto, se comemora a Semana Nacional da Inclusão da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, um momento importante para promover a reflexão e ações em prol da inclusão.
No Tocantins, a Escola Estadual Beira Rio, em Luzimangues, Porto Nacional, Escola Tancredo de Almeida Neves em Buriti do Tocantins, CMTO Lá Salle em Augustinopolis e Escola Bernardo Sayão em Pequizeiro, por meio de parceria entre a Secretaria da Educação (Seduc) e o Instituto Perkins, dos Estados Unidos, estáãrecebendo o monitoramento do Projeto Perkins, que atua desde 2019 na rede estadual de ensino do Estado.
Possibilitar a autonomia e a inclusão social por meio da educação de qualidade é o objetivo do Projeto de Formação de Programa Modelo voltado para estudantes com deficiência visual, múltipla e surdocegueira.

Nárcia Araújo como estudante Kaike Teixeira Santos da Escola Tancredo Neves
Segundo Nárcia Araújo, professora da Rede Estadual e coordenadora acadêmica do Projeto Perkins no Tocantins, a iniciativa é fundamental para garantir que estudantes tenham acesso à educação com apoio pedagógico necessário.
Acompanhe a explicação da professora Nárcia Araújo sobre Deficiência Múltipla
“O Perkins é um projeto que acrescenta acessibilidade ao trabalho que as escolas já fazem, porque nem todas as escolas têm equipe pedagógica, uma equipe escolar pronta para fazer inclusão, o projeto dá este apoio, faz consultorias, oferece oficinas, monitora a aprendizagem, conhece os estudantes, apoia as famílias”, ressalta.
Junto com a Nárcia Araújo está Ana Lúcia Rago, que é representante regional da Perkins aqui no Brasil. Ela explica o trabalho da Perkins, escute o áudio.

Ana Lúcia Rago com o estudante do CMTO La Salle
Ana Lúcia realizou o monitoramento das escolas, parte crucial do trabalho, com visitas regulares para acompanhar o desenvolvimento das ações e o protagonismo dos estudantes. “O monitoramento já acontece desde que o projeto foi implementado no Tocantins, que foi em 2019, e ele é previsto de dois a três monitoramentos por ano”, explicou Nárcia Araújo.
Acompanhe a entrevista com a representante do Instituto Perkins no Brasil, Ana Lúcia Rago
Instituto Perkins
O Instituto Perkins atua desde 1829 no apoio educacional de crianças com deficiência visual e multissensorial. As atividades foram iniciadas nos Estados Unidos e hoje está presente em diversos países, orientando famílias, professores, escolas, médicos, hospitais, líderes comunitários, universidades e governos sobre inclusão e acesso à educação especial.
A programação da Secretaria de Educação (SEDUC) do Tocantins, alinhada com a Semana da Inclusão, orienta as escolas a divulgar o trabalho que realizam e, sobretudo, verificam o protagonismo dos estudantes.
A importância de programas que garantam o acesso ao currículo e as mesmas oportunidades para todos os estudantes, é segundo Nárcia muito importante no processo. Segundo ela, a inclusão não se limita a um dia ou uma semana, mas deve ser uma rotina inserida nos planos políticos pedagógicos de cada escola:
“Não é só na semana da pessoa com deficiência múltipla, ou o dia da pessoa com deficiência, ou o dia do autismo e outros temas, mas dentro da própria rotina da escola”.
A Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla serve como um lembrete anual da importância de se refletir sobre o tema, mas o verdadeiro avanço acontece quando a inclusão se torna, de fato, uma rotina em cada escola, em cada comunidade.
O Censo Demográfico 2022 identificou 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), o que corresponde a 1,2% da população brasileira.
A TEA apresentou uma taxa maior entre os homens (1,5%) do que entre as mulheres (0,9%): 1,4 milhões de homens e 1,0 milhão de mulheres foram diagnosticados com autismo por algum profissional de saúde. Entre os grupos etários, o de maior prevalência foi o de 5 a 9 anos (2,6%).
Diagnóstico de TEA é maior entre os brancos
Na desagregação por cor ou raça, o maior percentual de pessoas com autismo se deu entre as pessoas declaradas brancas, com 1,3%, o que equivale a 1,1 milhão de pessoas. A menor prevalência está entre as pessoas de cor ou raça indígena, com 0,9%, o que representa 11,4 mil pessoas. Este percentual sobe para 1% quando consideradas também as pessoas de outra cor ou raça que se consideram indígenas. Entre as pessoas amarelas, 1,2% tinham diagnóstico de autismo, o que corresponde a 10,3 mil pessoas. Cerca de 221,7 mil pessoas pretas e 1,1 milhão de pessoas pardas possuem TEA (Transtorno do Espectro Autista), representando 1,1% de cada uma dessas populações.
População com autismo tem maior taxa de escolarização
A taxa de escolarização da população com autismo (36,9%) foi superior à observada na população geral (24,3%). Essa diferença foi mais expressiva entre os homens: 44,2% dos homens com autismo estavam estudando, frente a 24,7% do total. Entre as mulheres, a taxa de escolarização foi 26,9% entre aquelas com autismo, ante 24,0% no total.
A maior parte dos estudantes com autismo estava matriculada no ensino fundamental regular, totalizando 508 mil pessoas, ou 66,8% dos estudantes com autismo no Brasil.
Já o ensino médio regular concentrava 93,6 mil estudantes com autismo e representavam apenas 12,3% dos que frequentavam a escola. Esses dados apontam que a trajetória escolar dos estudantes com autismo está concentrada nas etapas iniciais da educação básica.
Quando se observa a taxa de estudantes com autismo em relação ao total de matriculados por curso, a alfabetização de jovens e adultos se destacou com o maior percentual: 4,7% dos seus frequentadores declararam esse diagnóstico.
A proporção foi ainda mais expressiva entre estudantes de 15 a 17 anos (9,1%) e 18 a 24 anos (10,6%). Destaca-se, ainda, que 3,8% das crianças que frequentavam creche tinham diagnóstico de TEA .
Já no ensino superior, esse percentual cai para 0,8%, refletindo os desafios enfrentados por estudantes com autismo para permanecer e progredir ao longo da trajetória educacional, sobretudo diante de barreiras de acesso, adaptação curricular e apoio institucional adequado.
Quase metade das pessoas com diagnóstico de autismo estava no grupo sem instrução e fundamental incompleto
A distribuição percentual das pessoas de 25 anos ou mais de idade segundo o nível de instrução indicou que 46,1% das pessoas com diagnóstico de autismo estavam no grupo sem instrução e fundamental incompleto, enquanto, na população geral, esse percentual era de 35,2%.
Para os demais níveis de instrução, os percentuais da população com autismo foram inferiores aos observados na população geral. Destaca-se o grupo com médio completo e superior incompleto, no qual 25,4% das pessoas com autismo se encontravam, frente a 32,3% da população total.
Nos demais grupos de idade, a relação se inverte: os percentuais de estudantes com autismo são menores do que os do total de estudantes. Mais de dois terços dos estudantes com autismo frequentavam o ensino fundamental
Revisão Prof. Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi







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