MULHERES PESCADORAS ACAMPAM NA ILHA BELA VISTA

Com alto potencial produtivo e empreendedor setor perde por falta de políticas públicas adequadas

Do Calangopress

As mulheres pescadoras de Lajeado estão neste domingo, desmontando o acampamento, que juntou desde quinta-feira, cerca de 30 mulheres idosas, jovens e crianças, em barracas às marges da Ilha Bela Vista em Lajeado para comemorar a pesca e trocar experiências.

O Parque Aquícola Sucupira, possui grande potencial produtivo, mas são muita as dificuldade para as mulheres empreenderem com a pesca. Os principais entraves são a falta de financiamento, a competição com o turismo de pesca e o manejo do pescado após a pesca, em ambiente seco, como foi discutido nas rodas de conversas.

Maria Luiza é ribeirinha, da colônia 16 de Miracema, um projeto do governo federal que incentiva a criação de peixe em tanque e rede. Ela apontou os problemas que enfrentam para dinamizar a produção.

“A lei do governo estadual trouxe muita dificuldade, porque nós só podemos pescar no leito do rio e até 100 quilos por semana, além de que como a nossa pesca é artesanal e profissional, é difícil disputar com os turistas…há prioridade para a pesca esportiva em detrimento da pesca artesanal profissional”.

A lei dispõe sobre a regulamentação das atividades de pesca, aquicultura, piscicultura, da proteção da fauna aquática e dá outras providências.

Com a mudança da lei, os piscicultores com áreas de até cinco hectares de lâmina d’água em tanque escavado, em barragens de acumulação de água da chuva com até 50 hectares e tanques rede de até dez mil metros cúbicos de água ficam dispensados de licenciamento ambiental e outorga.

Há também a dispensa do pagamento de taxas de registro e outorga de direito de uso de recursos hídricos, mas é obrigado preencher cadastro junto ao Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).

Maria Luiza também menciona que “o problema também está relacionado com a falta crédito, e de uma estrutura que dê condições das pescadoras trabalhar depois que o peixe é pescado”.

Segundo Maria Luiza “há 10 anos as pescadoras estão morando no meio da rua porque não temos uma área seca para trabalhar com o pesca”.

Maria do Socorro é pescadora e presidente da Colônia de Pescadores de Lajeado e Tocantínia, ela reconhece a escassez de algumas espécies para o pescador artesanal “mas ainda dá para alimentar as nossas famílias e comercializar”.

Para ela as mudanças climáticas são as responsáveis pela escassez, “há um aquecimento das águas e os peixes buscam as mais profundas porque são mais frescas”, justifica.

O PESCADOR ADESTRADOR DE PEIXES

Geânio Lopes Abreu é vice-presidente do Projeto Parque Aquícola Miracema e Lajeado, além de excelente produtor ele adquiriu uma técnica de adestrar os peixes.

Geânio dá nome aos peixes e os reconhece, até ai tudo bem, o interessante é que os peixes também reconhece Geânio. Ele tem atenção especial pelas “peixas”, com quem dialoga e troca carinhos, vale até bitoquinha na boca.

A família está unida neste projeto, a filha Gislaine de Andrade Abreu, é oura liderança feminina à frente dessa nova técnica que alia tecnologia e pesquisa.

“É uma técnica que precisa de convívio diário, eu mergulho o dia todinho, observo o movimento entre eles, tem sempre uma liderança”, explica entre um mergulho e outro nos tanques.

Para o pescador adestrador “o peixe é muito curioso, ele vai e volta pra saber se é eu mesmo, se perceber alguma coisa nova, nem volta”.

Na proa da canoa, durante o passeio nas águas de Lajeado, ele vai explicando como consegue adestra as varias espécies. Conversa com as caranha, pintado, tambacu e tambaqui.“Eu estou tratando deles com a ração 32, desenvolvem rápido, esses aqui não tem 30 dias, deu problema do tanque por causa da malha que furou, tinha 10 mil alevinos, agora se tiver 5 mil tem muito”.

MAIOR REGISTRO DE EXPORTAÇÃO ENTRE JANEIRO E MARÇO

Entre janeiro e março de 2025, o país exportou US$ 18,5 milhões em pescado de cultivo, um crescimento de 112% em relação ao mesmo período de 2024. Também houve um salto no volume exportado, que atingiu 3.938 toneladas – alta de 89%.

A tilápia segue liderando com folga as exportações da piscicultura brasileira. No primeiro trimestre de 2025, a espécie movimentou US$ 17 milhões, o que representa 92% de todo o valor exportado pelo setor. Em comparação com o mesmo período de 2024, o crescimento foi de 105%.

Em volume, foram exportadas mais de 3.455 toneladas de tilápia – o equivalente a cerca de 72 mil carrinhos de supermercado cheios de peixe, considerando uma média de 50 kg por carrinho.

Entre as espécies nativas, o destaque foi o curimatá, com US$ 580 mil em exportações e aumento de 333%. O tambaqui também se destacou, com US$ 479 mil exportados no trimestre. Já o pacu apresentou uma alta expressiva em percentual, puxada por uma base muito baixa em 2024 – apenas US$ 2.432 no mesmo período do ano passado.

No Brasil, as mulheres representam 49% dos pescadores profissionais ativos, com  pescadoras registradas. Elas atuam em diversas atividades dentro da pesca, como marisqueiras, fileteiras e vendedoras, além de serem pescadoras artesanais, aquicultoras e participarem da pesca amadora e esportiva. Em cinco estados brasileiros, as mulheres são maioria na pesca profissional. 

O estado do Maranhão se destaca como líder em números de pescadores, contando com uma comunidade de 150.691 mulheres e 116.935 homens dedicados à pesca (267.626 ao todo). Ele não só é o maior, como é um dos cinco em que há mais mulheres do que homens exercendo o ofício da pesca. Os outros são Pernambuco (55% de mulheres), Sergipe (62%), Bahia (58%) e Alagoas (58%).  

Mais detalhes:

  • Participação: Das 1.035.478 pescadoras e pescadores profissionais ativos no Brasil, 507.896 são mulheres, o que corresponde a 49% do total. 
  • Atividades Diversificadas: Além de pescadoras artesanais, muitas mulheres também atuam como fileteiras, descascadeiras, marisqueiras, catadoras, remendeiras e vendedoras, mostrando a diversidade de funções que ocupam. 
  • Estados com Maioria Feminina: Em estados como Maranhão, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Alagoas, as mulheres são maioria na pesca profissional. 
  • Importância na Pesca Artesanal: A pesca artesanal, atividade onde as mulheres têm grande presença, é responsável por uma parcela significativa da produção pesqueira do país. 
  • Pescadoras de Águas: O termo “Mulheres das Águas” destaca a importância dessas profissionais no setor pesqueiro e aquícola. 
  • Fontes

https://www.to.gov.br/seagro/noticias/lei-complementar-no-130-amplia-criacao-de-peixe-no-estado/6fguabtk96ay

https://www.camara.leg.br/noticias/1128201-comissao-aprova-criacao-de-fundo-para-desenvolver-atividade-pesqueira-e-aquicultura/

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Um Projeto de Pesquisa e Extensão idealizado para as atIvidades práticas de reportagem, produzido com a participação dos acadêmicos do curso de jornalismo da UFT.

Vinculado ao Núcleo de Jornalismo (NUJOR), o Calangopress funciona como laboratório para as atividades práticas do estágio, supervisionado pela Prof. Dra. Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi.