Por Morgana Gurgel

Há cinco anos, os engenheiros Greci Librelon e Emmanuel Kirlian decidiram trocar o ritmo acelerado das cidades urbanas, por uma vida mais simples e autônoma na região de Taquaruçu.

O que teve início como um projeto de vida familiar, mais tempo com os filhos e mais conexão com a natureza, se transformou em negócio e empreendedorismo sustentável no Sítio Seis Pétalas, na região serrana do distrito, localizado a 28 km de centro de Palmas.

Na propriedade, além do cultivo agroecológico de alimentos, nasceu a ideia de produzir um repelente natural com base em extratos vegetais. A fórmula surgiu da necessidade: ao chegar à zona rural, a família enfrentou o incômodo das muriçocas e buscou alternativas mais seguras e naturais de proteção, especialmente pensando nas crianças pequenas.

Um repelente que nasce da terra

“A citronela, o manjericão e a alfavaca são cultivados aqui mesmo. Já o óleo de andiroba a gente traz do Pará, produzido por comunidades agroextrativistas. A extração é feita artesanalmente por nós, com álcool de cereais”, explica Greci. Ponto importante é que todo o processo, da coleta ao envase, é manual, o que permite controle de qualidade e respeito ao tempo de maturação dos ingredientes.

Fotos de Morgana Gurgel

Foto 1 – Os repelentes são muito procurados pela eficácia contra mosquitos da dengue

Foto 2 – Produção artesanal, repelente leva insumos naturais cultivados no próprio sítio

A preocupação com a eficácia e segurança do produto levou o casal a submeter o repelente a testes em laboratório. Os resultados confirmaram a ação eficaz contra três tipos de mosquitos: Aedes aegypti, Culex (pernilongos) e Anopheles aquasalis, transmissores de doenças como dengue, zika, chikungunya e malária. 

O produto foi dermatologicamente testado e não apresentou potencial de causar irritação primária, irritação acumulada ou sensibilização cutânea. Também passou com sucesso pelos testes de fototoxicidade, fotossensibilização e irritação cutânea.

O repelente, que também hidrata e ajuda na cicatrização de picadas, caiu no gosto dos turistas do Jalapão. Hoje, ele é vendido em diversos pontos da capital, em cidades turísticas do Tocantins, e até fora do estado, como Belo Horizonte, São Paulo, São Luís e Brasília. O crescimento veio com apoio de programas como o Inova Cerrado, o Sinapse Bio e o Inova Amazônia, ligados ao Sebrae e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (FAPT).

“Esses projetos nos ajudaram a estruturar o negócio e enxergar possibilidades de mercado”, afirma Emmanuel. Apesar do faturamento ainda modesto, o casal acredita que o modelo artesanal é uma escolha que valoriza o produto, o território e o cuidado com o meio ambiente.

Turismo, educação ambiental e raízes familiares

O Sítio Seis Pétalas também produz relaxantes musculares e vinagres à base de frutas, todos com base em plantas e processos naturais. Cada produto respeita um tempo próprio de preparo, que pode chegar a seis meses no caso dos vinagres. Os relaxantes, embora com menor saída, são valorizados, quem compra sempre retorna para pegar mais.

Fotos de Morgana Gurgel

Relaxantes musculares e vinagres à base de frutas produzidos no Sítio Seis Pétalas

A proposta do sítio vai além da venda de produtos. O espaço também recebe visitas ecopedagógicas, promove turismo de experiência e oferece hospedagem. A educação ambiental está presente nas atividades com escolas e universidades, ajudando a semear valores sustentáveis desde cedo.

Abelhas sem ferrão são cultivadas no sítio para a produção de mel e própolis, que complementam a linha de produtos artesanais

Para o casal, a escolha por empreender no campo foi um reencontro, no caso de Greci, com a própria história familiar. “Cresci com tratamentos naturais, homeopatia e fitoterapia. Então, quando comecei a estudar yoga e cosméticos naturais, antes mesmo da gravidez, senti que estava resgatando algo do meu DNA”, diz.

O futuro do Sítio Seis Pétalas está nas pequenas colheitas de cada dia, na paciência de quem espera a maturação dos extratos e no cuidado com cada frasco rotulado à mão. “A gente ainda está reestruturando o sítio e as nossas atividades. Mas saber que um produto nosso saiu daqui e chegou a alguém lá em São Luís, por exemplo, é uma recompensa imensa”, completa Greci.

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Um Projeto de Pesquisa e Extensão idealizado para as atIvidades práticas de reportagem, produzido com a participação dos acadêmicos do curso de jornalismo da UFT.

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