Você sabia que é possível adotar um deles?
Por Samuel Cunha
Acompanhe a entrevista com o Bruno Naves sobre o adestramento de cão guia
A União Nacional de Usuários de Cães Guia (UNUCG) é uma entidade que tem por objetivo “difundir a causa do cão guia, conscientizar as pessoas da importância do trabalho realizado por esses animais e lutar pela efetividade dos direitos dos usuarios e do próprio cão guia”, segundo informou Maria Villela de Souza Ferreira a presidente da entidade.

Maria reforça o que toda sociedade já sabe que é ” a grande dificuldade de acesso das pessoas cegas a moblidade, e o que se quer é melhorar a qualidade de vida de usuários e dos cães guias”, explicou.
Segundo a presidente, a estimtiva é de existir apenas 207 cães guia no Brasil. A União Nacional de Usuários de Cão Guia foi fundada em 2020, por usuários de cão guia de todo o país no período da pandemia.
Há no Brasil dois institutos federais que se especializaram na formação do cão guia, um é o Instituto Federal Goiano de Urutaí, que realiza o trabalho de treinamento de mobilidade com o cão guia, o outro é o Instituto Federal Catarinense (IFC) em Camoriú.
Campanha para adoção de cão guia
O Instituto Federal de Urutaí está em busca de famílias parceiras que queiram adotar um cão guia até a formação do mesmo, quando ele passa efetivamente a morar com o dono, que deve ser uma pessoas cega ou de baixa visão e que necessite do trabalho do animal.
Segundo Bruno, a pessoa que adota o cão não gasta nada, “tudo, desde a alimentação , a vacinação, aos demais gastos são custeados pelo IF”. Bruno salienta que “o cão guia como instrumento de mobilidade é indicado para pessoas cegas e de baixa visão, após o tempo de treinamento”.
No Brasil, há alguns problema para quem deseja e precisa de um cão guia. “A maior dificuldade para se ter acesso ao animal é a falta de treinadores e escolas de treinamento”, justifica Naves.

Bruno Naves, do Instituto Federal Goiâno de Urutaú, com um dos cães em treinamento
“Cada treinador só consegue formar seis cães por ano, durante o treinamento é permitido que o cão faça um percurso de 2 km ao dia, por isso é necessário aumentar o número de treinadores para poder produzir mais cães”, adverte.
O custo com a criação do cão-guia pode chegar a R$ 30 mil, outra limitação que inibe a quantidade de cães, é que não são todos as raças que podem se tornar um guia, as mais utilizadas são os Labradores e os Golden retrievers. Além do tamanho, um cão guia precisa ter um espírito de liderança, inteligência, facilidade em aprender e temperamento dócil.
Registro Histórico
Registros da primeira relação entre um cão e um cego são muito antiga, uma delas está em um mural do século I d.C. nas ruínas soterradas de Herculano, em Roma. Há outros registros, na Ásia e na Europa, da Idade Média, de cães guiando cegos.
A primeira tentativa sistemática de treinar cães para ajudar cegos ocorreu por volta de 1780, no hospital para cegos “Les Quinze-Vingts”, em Paris. Pouco depois, em 1788, em Viena Josef Riesinger, treinou um Spitz tão bem que as pessoas frequentemente questionavam se ele era cego.
Em 1819, Johann Wilhelm Klein, fundador do Instituto para a Educação de Cegos (Blinden-Erziehungs-Institut) em Viena, mencionou o conceito do cão-guia em seu livro sobre educação de cegos (Lehrbuch zum Unterricht der Blinden) e descreveu o próprio método de treinamento de cães. Jakob Birrer, da Suiça, escreveu em 1847 sobre suas experiências de ser guiado por um cão especialmente treinado por ele durante cinco anos.
A história moderna do cão-guia, no entanto, começa durante a Primeira Guerra Mundial, com o retorno de milhares de soldados cegos, muitas vezes por gás venenoso. O médico alemão, Dr. Gerhard Stalling, teve a ideia de treinar cães em massa para ajudar os afetados, após observar o comportamento do seu cão junto a um paciente cego.
Stalling começou a explorar maneiras de treinar cães para se tornarem guias confiáveis e, em agosto de 1916, inaugurou a primeira escola de cães-guia do mundo para cegos em Oldenburg. A escola cresceu e muitas novas filiais foram abertas em Bonn, Breslau, Dresden, Essen, Freiburg, Hamburgo, Magdeburg, Münster e Hannover, treinando até 600 cães por ano. Essas escolas forneciam cães não apenas para ex-militares, mas também para cegos na Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália, Estados Unidos, Canadá e União Soviética.
Infelizmente, devido à redução na qualidade dos cães, o empreendimento fechou em 1926, mas nessa época outro grande centro de treinamento de cães-guia havia sido inaugurado em Potsdam, perto de Berlim, com grande sucesso. O trabalho desta escola inovou no treinamento de cães-guia, havia capacidade para acomodar cerca de 100 cães por vez e fornecer até 12 cães-guia totalmente treinados por mês.
Nessa época, uma rica americana, Dorothy Harrison Eustis, já treinava cães para o exército, a polícia e a alfândega na Suíça. A energia e a experiência de Dorothy Eustis facilitou o movimento de adestramento dos cães-guia internacionalmente.
Ao ouvir falar do centro de Potsdam, Eustis ficou curiosa para estudar os métodos da escola, permenecendo nela por vários meses. Ficou tão impressionada que escreveu um artigo sobre o local para o Saturday Evening Post, na América, em outubro de 1927.
Um americano cego, Morris Frank, ouviu falar do artigo e comprou um exemplar do jornal. Mais tarde, ele disse que os cinco centavos que o jornal lhe custou “compraram um artigo que valeu mais de um milhão de dólares”. Ele escreveu para Eustis, dizendo que gostaria muito de ajudar a introduzir cães-guia nos Estados Unidos.
Na Itália, uma organização de cães-guia, a Sculola Nazionale Cani Guida per Ciechi, também foi fundada em 1928. O sucesso das experiências nos Estados Unidos encorajou Eustis a criar uma escola para cães-guia em Vevey, na Suíça, em 1928.
Em 1930, duas britânicas, Muriel Crooke e Rosamund Bond, ouviram falar do The Seeing Eye e contataram Dorothy Eustis, que enviou um de seus treinadores. Em 1931, os quatro primeiros cães-guia britânicos concluíram o treinamento e, três anos depois, a Associação de Cães-Guia para Cegos foi fundada no Reino Unido.
Fonte:
Revisado pela Prof. Maria de Fátima Caracristi







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