MOVIMENTO BRASILEIRO DE MULHERES CEGAS E REDE ITINERANTES DE MULHERES ATIVAS DISCUTEM SOBRE SAÚDE E TRABALHO PARA PcDs


Por Samuel Cunha

Acompanhe a entrevista com Daniela Monticelli, advogada e idealizadora do grupo de apoio jurídico Toca das Leoas

A Frente Nacional de Mulheres com Deficiência em parceria com o Movimento Brasileiro de Mulheres Cegas e de Baixa Visão e a Rede Itinerante de Mulheres Ativas (RIMA) estão organizando a  Conferência Nacional Livre de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora com Deficiência, com o tema Trabalho, Corpos e resistências: Perspectivas da Trabalhadora com Deficiência, nos dia 26 de abril, sábado das 9h30 às 12h e à tarde das 13h30  às 17h30, via google meet.

O objetivo é criar espaço de escuta, diálogo e construção coletiva a partir das vivências das trabalhadoras com deficiência, abordando suas trajetórias, desafios, estratégias de resistência e perspectivas no mundo do trabalho. A conferência busca contribuir para a formulação de políticas públicas inclusivas, fortalecer a representatividade das mulheres com deficiência nos espaços laborais e valorizar os saberes construídos a partir dos seus corpos e experiências.

Outro evento do mesmo tema é o World Blindness Summit 2025, (Encontro Mundial da Cegueira) em tradução livre, que será o primeiro encontro mundial da deficiência visual realizado na América Latina, nos dias 1º a 5 de setembro de 2025 , no Centro de Convenções do Distrito Anhembi , em São Paulo, Brasil.

Para a estudante do curso de jornalismo da UFT, Pollyanna Ferreira, que está desenvolvendo o Trabalho de Conclusão de Curso, com a temática de mercado de trabalho para as PcDs, “eventos como estes são muito importantes porque reforçam a necessidade de  pautas sobre inclusão na vida das pessoas”.

Pollyanna é cega e já realizou estágios em algumas empresas de jornalismo, na emissora SBT Norte, em Palmas, tem um canal no Youtube, mas que no momento está desativado, por dificuldade de mantê-lo ativo. Ela reconhece que as pessoas com deficiência têm de serem incluídas em espaços de trabalhos com remuneração adequada, de acordo com a profissão que exercem.

Polly Ferreira, durante gravação, no estúdio de rádio do curso de Jornalismo da UFT

Neyara Rebeca Barroso Lima é consultora atípica em diversidade, inclusão e audiodescrição pelo grupo de pesquisa Legendagem e Audiodescrição (LEAD/UECE), também faz parte do projeto Fotografia Tátil na Universidade Federal do Ceará (UFC), que desenvolve estratégias acessíveis para aproximar pessoas, com limitação sensorial, do universo das artes bidimensionais, como a fotografia e a pintura.

“As mulheres com limitação sensorial enfrentam desafios significativos no mercado de trabalho, resultando em menores taxas de emprego e remuneração. Dados do IBGE de 2022 mostram que apenas 22,4% das mulheres com deficiência estão empregadas, em comparação com 50,8% das mulheres sem deficiência”, argumenta.

Neyara Rebeca Barroso Lima, 35 anos, autista e com limitação sensorial visual (cegueira total), audiodescritora-consultora atípica, trabalho com acessibilidade cultural e consultoria em exposições de arte visual, integra o grupo de pesquisa LEAD/UECE (Legendagem e Audiodescrição) e o Projeto Fotografia Tátil da UFC.

Becca, como é conhecida, argumenta que “a renda média das mulheres com deficiência é 34% menor do que a das mulheres sem deficiência, recebendo em média R$ 1.553 mensais. A taxa de informalidade também é maior, atingindo 55%, enquanto entre as pessoas sem deficiência esse número é de 38,7%”.

Para Daniela Monticelli, advogada e idealizadora do grupo de apoio jurídico Toca das Leoas, que acompanha de perto a rotina das mulheres, muitas invisibilizadas pelas políticas públicas, “a luta das famílias é gigantesca”.

Monticelli destaca a força e a resiliência das chamadas mães atípicas que cuidam de filhos com deficiência. “É urgente reconhecer não só as demandas dessas mulheres, mas também, o impacto físico, emocional e financeiro que o cuidado contínuo exige”, comenta. 

No Brasil há em torno de 545.940 mil pessoas com deficiência e reabilitados pelo INSS inseridos no mercado formal de trabalho. Desses, 93% dos trabalhadores estão em empresas com mais de 100 empregados. 

O levantamento foi elaborado pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base em informações do eSocial, em janeiro deste ano. Segundo a  Lei nº 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas, empresas com 100 a 200 trabalhadores precisam ter 2% do seu quadro funcional de pessoas com deficiência. 

Empresas com o número de  201 a 500 trabalhadores devem ter  3% de trabalhadores PcDs. Empresas com  501 a 1000 trabalhadores são 4% de pessoas PcDs que devem estar empregadas e com mais de mil funcionários, são 5%, garantindo assim a contratação de pessoas com deficiência em seus quadros.

Segundo informações do site do MT empresas que forem autuadas sem cumprir a lei podem ser multadas em até R$ 300 mil.

https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2024/Marco/levantamento-do-esocial-aponta-545-9-mil-trabalhadores-com-deficiencia-no-mercado-de-trabalho-no-brasil.

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Um Projeto de Pesquisa e Extensão idealizado para as atIvidades práticas de reportagem, produzido com a participação dos acadêmicos do curso de jornalismo da UFT.

Vinculado ao Núcleo de Jornalismo (NUJOR), o Calangopress funciona como laboratório para as atividades práticas do estágio, supervisionado pela Prof. Dra. Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi.