UNIÃO DE MULHERES FORTALECE O EMPREENDEDORISMO  EM PONTE ALTA DO TOCANTINS

Prefeitura, institutos de fomento e sociedade começam a sentir a força econômica dessa frente produtiva que nasce do feminino gerando emprego e renda

Da Redação do CalangoPress

Saberes e Sabores do Jalapão é o nome da feira de degustação dos produtos da agroindústria das Mulheres Unidas do Jalapão, que aconteceu no dia 28 de fevereiro, sábado, na sede da associação construída pelas mulheres de Ponte Alta do Tocantins, município conhecido como Portal do Jalapão.

A união de mulheres no campo tem alterado significativamente a forma comunitária de produção rural na região, chama a atenção da sociedade, dos gestores e dos institutos de fomento.

A experiência mostra que juntas, as pequenas produtoras rurais, podem vencer as adversidades impostas pela vida no campo , e que “os sonhos são muitos, que quase não consigo acordar”, disse Edmar Rodrigues de Amorim, artesã e presidente da associação. 

“Se a gente sonha, uma hora, realiza o projeto”, explica Edmar, e foi o que aconteceu com a Associação das Mulheres Unidas do Jalapão. O projeto concretiza o evento dos Sabores e Saberes, que revela as potencialidades da culinária feita com os produtos do cerrado, a variedade de atesanatos e biojoias também produzidas com itens extraídos do bioma, e a inserção do projeto de leitura para as crianças da comunidade, com o apoio da Editora Vagalume.

A concretização dos sonhos da associação está apoiada em várias frentes de fomento, uma delas vem do Instituto  Brasil Digital, entidade que desenvolve políticas públicas no âmbito social, educacional, saúde, lazer e trabalho em prol da qualidade de vida e qualificação de profissionais para inserção no mercado de trabalho.

O instituto atua com parcerias e convênios, na esfera municipal, estadual e federal e prevê o fortalecimento dos movimentos sociais e populares baseando-se nos aspectos e princípios da educação popular e na promoção na defesa e garantia de direitos humanos e valorizando a diversidade ético racional e cultural.

A representante da Brasil Digital no Tocantins, Iria Vannucci Barbosa da Silva, explicou o papel do instituto, lembrando que “a organização do trabalho coletivo e da economia solidária é o que move as nossas ações”, disse Iria. “A construção coletiva deste trabalho está aqui agora, representada, principalmente aqueles que são coordenados por mulheres”.

“Dialogar com essas mulheres e demonstrar a nossa satisfação em nome do Instituto de Políticas Públicas Brasil Digital, manifestamos a nossa alegria de estarmos aqui com todos vocês”, falou na abertura do evento.

A presença da primeira dama do município de Ponte Alta, Ester Pinto da Silva, serviu para reforçar a credibilidade que a Associação adquiriu. “Nós chegamos agora na prefeitura, mas reconhecemos a importância do trabalho das mulheres, um trabalho bonito, e que pretendemos apoiar, para que a feira se torne um evento permanente da agenda turística”.

AS DIFICULDADES DOS PEQUENOS PRODUTORES 

As pequenas produtoras das Associações das Mulheres Plantando Amor de Porto Nacional, presidido por Leidiane Barbosa, da Associação Paulo Freire I e II, antigo Projeto São João, da Associação Sabores e Artes de Gurupi, produção de culinária artesanal e da Associação Padre Martins, representada pelo presidente Francisco Aldejane, de Miranorte, participaram do evento, trocaram experiências com o objetivo de apoiar e promover a base produtiva da economia das pequenas produtoras.

Para Francisco Aldejane, projetos como o Instituto Brasil Digital, veio reacender a  luz para os pequenos produtores rurais. Ele explicou que no município de Miranorte, onde reside, “os gestores não vê as associações como parceiros, procura matar, isolar”, disse, “são gerações de pessoas que esperam, condições de produzir e melhorar a vida”.

Aldejane disse que “tinha mais outras cinco associações além da Padre Martins, mas acabaram, hoje são terras de fazendeiros arrendado para soja, a gente procura não morrer, embora sozinho, procurou se organizar e nessa luta de tantos anos, nos mantemos juntos e estamos aqui, em pé representando a Associação Padre Martins, do Pé do Morro”. 

AS MULHERES 

As mulheres produzem cerca de metade dos alimentos no mundo, correspondendo a 43% da mão de obra agrícola, mas este trabalho ainda não é  totalmente reconhecido.

A força de trabalho feminina, para alavancar a produção no campo, no setor agropecuário apresenta uma taxa de informalidade de 83,2%, elas ganham  20% menos do que os homens. 

As mulheres no campo além de exercer a força de trabalho na produção de alimentos, manejo dos recursos florestais, criação de animais de pequeno porte dentre outras atividades, são responsáveis pelo cuidado com a família e com a comunidade.

Site do Observatório Mulheres Rurais aponta que nos estabelecimentos rurais, somente nos últimos dois censos agropecuários (2006 e 2017) é que os dados foram desagregados por sexo. Havia uma invisibilidade em relação à presença das mulheres como dirigentes rurais.

Em matéria divulgada pelo Observatório Mulheres Rurais do Brasil há dados que mostram que até 1988 a mulher não tinha direito à titulação da terra pela reforma agrária e nem à aposentadoria. Hoje, são quase um milhão à frente das propriedades rurais, fazendo um trabalho de grande relevância no campo junto com mais de 4,3 milhões de trabalhadoras rurais.

A criação do Observatório Mulheres Rurais do Brasil responde à Agenda 2030, que tem como meta não deixar ninguém para trás, em especial ao Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 5 – Equidade de Gênero (Agenda 2030 – ODS 5 de equidade de gênero). 

Dados do terceiro trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, revelam que o Brasil conta com 89,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, deste número, 47,9 milhões são parte da força de trabalho. 

Dados sobre a presença das mulheres rurais no campo, de acordo com o último Censo Agropecuário

  • Mulheres dirigentes de estabelecimentos rurais: 946.075
  • Mulheres em codireção: 817.019
  • Total de mulheres dirigentes: 1.763.094
  • Mulheres trabalhadoras rurais ocupadas: 4,37 milhões de mulheres
  • Total de mulheres no campo: 6,14 milhões de mulheres

EMBRAPA. Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, 2022. Disponível em: <https://www.embrapa.br/observatorio-das-mulheres-rurais-do-brasil&gt;

INSTITUTO BRASIL DIGITAL. <https://institutobrasildigital.org/>

https://associacaomulheresunidas.blogspot.com/

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Um Projeto de Pesquisa e Extensão idealizado para as atIvidades práticas de reportagem, produzido com a participação dos acadêmicos do curso de jornalismo da UFT.

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