Parceria entre Secretaria da Educação e Universidade Federal visa ampliar a oferta para um público crescente
Entrevista Netally Vitória
Edição de áudio Samuel Cunha
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, cerca de 285 milhões de pessoas no mundo têm a visão prejudicada, sendo que a maioria dos casos poderiam ser evitados – entre 60% e 80% – ou dispõem de tratamento.
Dados do Brasil, o último Censo Demográfico (IBGE 2010) identificou que mais de 35 milhões de pessoas apresentam algum grau de dificuldade visual.
O curso de braille, sistema de escrita composto por pontos em relevo, parceria da UFT com a SEDUC, acontece às sextas-feiras às 14 horas, no bloco do Curso de Jornalismo da UFT. Estudantes de qualquer curso, professores e técnicos das duas instituições podem participar.
A professora Graziane Pacini, especialista na área da Deficiência Visual e Educação Especial, ministra o curso que é fruto do desenvolvimento do Projeto Inovajor, coordenado pela professora Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi, do curso de jornalismo da UFT.

Professora Maria Dinalva Tavares: “O braille é fundamental para o letramento, pois é o único sistema que permite a uma pessoa com deficiência visual codificar, decodificar palavras, construir e interpretar textos”
A professora Maria Dinalva, nasceu com baixa visão, até se tornar cega aos 15 anos, se especializou no ensino do braille, e hoje, atende no Centro de Apoio Pedgógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual do Tocantins (CAP-TO), além de ser representante regional Norte, da Comissão Brasileira de Braille, do Ministério da Educação.
Segundo Dinalva, “o braille é fundamental para o letramento, pois é o único sistema que permite a uma pessoa com deficiência visual codificar, decodificar palavras, construir e interpretar textos”.
A professora enfatiza que “não existe idade específica para que o letramento e alfabetização ocorra”, o braille pode ser aprendido em qualquer idade e entre as pessoas de baixa renda. “O braille é de grande importância para a vida cotidiana do deficiente visual, há muitos remédios, cosméticos e alimentos com informações em braile”.
A importância do braille aumenta mesmo que o avanço tecnológico venha promovendo maior acesso à informação, principalmente com a criação dos leitores de tela, programas de computador que convertem o texto em áudio e permitem à pessoa cega navegar na internet.
Mas um código inventado há 197 anos ainda é indispensável à educação e à inclusão dessas pessoas. Toda essa tecnologia que existe não substitui o braille, com o sistema a pessoa cega efetivamente lê, tem contato com a ortografia”, explica Graziane Pacini.
Para a coordenadora do Projeto Inovajor, “estimular o letramento e a alfabetização com o braile, para os estudantes cegos e de baixa visão é garantir futuramente maiores êxitos na academia e posteriormente maiores chances de empregos”, pontua.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 506 mil cegos no Brasil. Os dados oficiais são do último Censo Demográfico, de 2010, já que ainda não foram divulgados os números sobre a população com deficiência no levantamento feito em 2022.
Essa parcela da população historicamente tem à disposição baixa oferta de material de leitura, por outro lado, as políticas públicas têm criado abertura para que a cada dia mais estudantes cegos, com baixa visão sejam incluídos nas universidades nos mais variados cursos, via cotas de vagas para estudantes PcDs.
As políticas de acessibilidade e inclusão tem promovido o avanço de tecnologias assistivas, melhorado as práticas pedagógicas e inserido no mercado bengalas eletrônicas, leitores de tela, óculos com dispositivos de inteligência artificial OrCam MyEye 2.0. que permite o acesso fácil e instantâneo a informações em tempo real, com transmissão por áudio, para as pessoas cegas.










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