Em 2023 o estado registrou 7.505 mil novos empreendimentos segundo Jucetins
Por Karolliny Neres
O Tocantins já pode comemorar o avanço do mercado de empreendedorismo, embora ainda tenha-se muito o que conquistar no empreendimento industrial, principalmente, podemos considerar que não é fácil empreender, os recursos são escassos e os financiamentos ainda amedrontam os empreendedores.
Mas como disse Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe, escrito em 1513, “empreendedores são aqueles que entendem que há uma pequena diferença entre obstáculos e oportunidades e são capazes de transformar ambos em vantagem”, foi o que identificamos nos empreendedores locais.
Tanto a artesã de amigurumins, Karla Rayane, como o pizzaiolo Giuseppe, da Pepizza, que produz pizzas com a fórmula original italiana, como o empresário Victor Matheus Pereira, dono da VM PRO energia solar e o dono da Central Piscinas, Marcos Aurélio, os obstáculos não são empecilhos.
O Tocantins registrou até o fim do primeiro semestre de 2024 mais de 210.500 mil empreendimentos ativos, que estão distribuídos entre os seus 139 municípios. O setor de alimentação foi o responsável por 94,11% do total exportado em 2022.
Segundo dados da Junta Comercial do Tocantins (Jucetins), em 2023 o estado registrou 7.505 mil novas empresas, um crescimento de 7,26% na comparação com o ano anterior.
Os três setores da economia que mais se destacaram foram: O comércio que registrou 11.887 novos empreendimentos, a construção civil com 3.087 novas aberturas, e a indústria de transformação que alcançou a marca de 2.440 novos empreendimentos abertos no primeiro trimestre de 2023.
Segundo o presidente da Jucetins, Issam Saado, os dados registrados nos primeiros meses do ano passado, são reflexo da geração de emprego e aumento na arrecadação. “Quanto mais empresas abertas, mais dinâmica fica a economia do Estado. É um sinal que os empreendedores acreditam no nosso potencial e estão dispostos a investir aqui.” afirmou.
Apesar do crescimento constante, com abertura de novos empreendimentos, o número de empresas que fecham as portas no estado é grande quando levamos em conta o potencial de crescimento do estado. Atualmente, o Tocantins possui mais de 347.796 mil empresas registradas espalhadas por todos os seus 139 municípios, conforme mostra o gráfico abaixo.

Dados: Jucetins
Destas 347.796 mil empresas registradas, apenas 210.500 estão ativas, baixadas, suspensas, nulas ou inaptas somam mais de 137.296 mil, confira no gráfico abaixo as empresas ativas, divididas por porte.
Dados: Jucetins

Dados: Jucetins
No ranque das 5 cidades com maior número de empresas no Tocantins, a capital do estado, Palmas lidera com mais de 50 mil empreendimentos, cerca de aproximadamente (34%), em segundo lugar temos Araguaína com 20.153 empresas (13,19%), terceiro Gurupi com 10.596 mil (7,17%) empreendimentos registrados, quarto Porto Nacional com 7.254 (4,75%) e na quinta posição, Paraíso do Tocantins com 6.486 (4,24%).
Segundo dados do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, o estado do Tocantins ocupa o 4º lugar em inadimplências empresariais do norte do país. Em janeiro de 2024, foram registrados mais de 363 mil negócios com débitos atrasados, apesar do Pará liderar o ranking com 151.786 empresas inadimplentes.
A quarta posição chama a atenção pelo fato de ser a unidade federativa mais nova do país, ou seja, grande potencial de crescimento, mas com grande percentual de inadimplência. Confira no gráfico abaixo, os estados do norte do país e os números de empresas inadimplentes.

“O aumento da inadimplência das companhias em janeiro pode ser atribuído, em grande parte, às despesas típicas de início de ano (IPVA, IPTU, reajuste de mensalidades e material escolar), refletindo um cenário sazonal onde as contas acumuladas nesse período impactaram temporariamente a capacidade de pagamento dos consumidores que, consequentemente, influenciam no caixa das companhias“, avalia o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
O Governo Federal lançou no mês abril de 2024 o programa “Acredita”, com objetivo de ampliar o acesso a crédito, renegociar dívidas, além do apoio aos MEI´s, micro e pequenas empresas. Com o eixo “Desenrola Pequenos Negócios” dentro do programa com parcerias com instituições financeiras, oferece oportunidade para renegociação de dívidas com condições favoráveis, prazos, desconto e juros melhores independente do valor da dívida.

Marlo Galvão: “A inadimplência empresarial no Tocantins também é reflexo da pandemia.
De acordo com o economista da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego de Palmas (Sedem), Marlo Galvão, a inadimplência empresarial no Tocantins também é reflexo da pandemia. “A pandemia foi um período difícil para todas as empresas, boa parte delas recorreram ao mercado de crédito e consequentemente aos parcelamentos de médio e longo prazo”.
Na análise de Marlon, durante 2022 e 2023 houve um aumento significativo de empresas que não conseguiram honrar com os compromisso e entraram na lista dos inadimplentes, “apesar do crédito no Tocantins ser caro, a expectativa para o fim de 2024 e 2025 é que haja uma redução expressiva no número de inadimplências no estado”, explica o economista.
Marlo destaca a importância da renegociação junto às instituições financeiras e dá dicas de como lidar com o endividamento. “No momento que o empresário renegocia a dívida, ou seja, joga para frente, parcela mais, a empresa sai da lista de mau pagador, do ponto de vista das instituições financeiras”.
Segundo Marlo é importante o empresário olhar a estrutura do negócio e sua margem de receita, “não adianta parcelar esse valor e entrar em uma nova situação de inadimplência, apenas acumulando negociações com valores mais elevados ainda”, recomenda.
As negociações que as empresas realizam junto às instituições financeiras, devem servir para favorecer as pequenas empresas, “devem cortar alguns gastos, reduzir custos, servem para encaixar favoravelmente a renegociação financeira”, aconselha o economista.
Empreendedores Tocantinenses e seus parceiros
A artesã de amigurumis Karla Rayane, decidiu começar seu negócio após passar no vestibular, precisar sair do trabalho, pois, segundo ela, não conseguiria conciliar com os estudos. “Precisei largar o trabalho e buscar outra fonte de renda, comecei a fazer crochê, peças encomendadas por amigos que aprendi a fazer no youtube” afirmou Karla.

O meu foco estava na minha formação, não estava conseguindo produzir o suficiente para conseguir pagar as taxas do MEI, agora eu estou voltando para realmente montar um ateliê e em breve regularizar o negócio”
Apesar de ter bons exemplos de empreendedores na família, a artesã ainda não abriu seu CNPJ, e cita a oscilação do comércio como ponto crucial de impedimento.
“O meu foco estava na minha formação, não estava conseguindo produzir o suficiente para conseguir pagar as taxas do MEI, agora eu estou voltando para realmente montar um ateliê e em breve regularizar o negócio” destaca a empreendedora.
Assim como muitos empreendedores, Karla passou por desafios administrativos, contábeis e com oscilação do mercado. “Eu sei que o Sebrae desenvolve trabalhos com pequenas empresas, já li alguns artigos e sei que eles fazem acompanhamentos também, assim que eu conseguir a expansão online, vou entrar em contato com a consultoria do Sebrae para me ajudar nessa administração”.

“Percebemos que tínhamos competitividade e precisávamos de orientação, recorremos ao Sebrae para entender vários procedimentos comerciais como o de precificação“.
O microempreendedor Giuseppe de Albuquerque Caracristi se lançou no competitivo mercado das pizzas há seis anos, está produzindo pizza artesanal no estilo napolitano, com a sofisticação da massa de longa fermentação.
“Eu aprendi a fazer pizzas depois que morei em Firenze, sou descendente de italiano pelo lado paterno da família, e durante o tempo que passei na Itália trabalhei nas cantinas e pizzarias onde aprendi a tratar a massa para adquirir a textura, a leveza e a crocância ideal”, explica o microempresário.
Hoje Pepe, como é conhecido, tem um ponto de venda de pizzas delivery, na quadra 504 sul, a Pepizza, e mantém uma clientela fiel, “os clientes da Pepizza são pessoas que conhecem a técnica da massa napolitana que é mais assada nas bordas, e apreciam a leveza da massa”, explica.
Mas para abrir uma porta comercial, o pizzaiolo precisou empreender e o começo não foi fácil. “Eu comecei na cozinha do meu apartamento, um espaço apertado, um forno comum, no 3º andar de um prédio familiar”, recorda, “se eu vendesse 15 pizzas numa noite, eu descia e subia 3 andares no mínimo 30 vezes para entregar os pedidos”.
O negócio passou a ser mais profissional depois que a demanda foi maior que a oferta. “Era uma sexta-feira e os pedidos caindo e eu sem massa pronta para atender, a partir daí eu e minha esposa percebemos que tínhamos competitividade e precisávamos de orientação, e mesmo ela sendo contadora, recorremos ao Sebrae para entender vários procedimentos comerciais como o de precificação”.

Arquivo pessoal: Marcos Aurélio Ferreira da Luz, constrói piscinas em toda cidade de Palmas
A história de empreendimento do proprietário da Central Piscinas, Marcos Aurélio Ferreira da Luz, também é outro caso de superação. Marcos chegou em Palmas em 1993, para ganhar a vida como tratador de piscina. Carregava todo equipamento numa bicicleta cargueira, até que no ano de 2007, criou a própria empresa, comprou uma moto, passou a construir piscinas e já precisou contratar dois funcionários.
“No começo a gente tinha muita dificuldade de atender todos porque não tinha capital para investir nos produtos, mas eu via a oportunidade de crescer, em 2008 passei a trabalhar na construção civil e comecei a ganhar mais dinheiro, era uma boa oportunidade, as dificuldades foram recompensadas, mas o êxito vem do conhecimento, procurei o Sebrae levantei informações e aprendi como abrir o CNPJ”.
Victor Matheus Pereira, dono da VM PRO energia solar, atende clientes em todas as cidades tocantinenses e nos estados vizinhos. O empresário comenta que precisou da ajuda de um profissional para entender sobre o faturamento da sua empresa.

“Fiquei perdido quando vi que estava faturando mais do que poderia por ser MEI, procurei logo uma contadora que me ajudou a entender como funcionava o simples nacional que era o melhor regime para minha empresa”.
Victor explica que “já atuava no mercado de energia solar, percebi a necessidade e deficiência de mão de obra qualificada, realizei um curso no Senai, abri a empresa comecei a montar meu network no ramo, participando de eventos como o Café com empresários da Acipa e assim eu consegui mais parceiros e clientes” afirmou o empresário.
Estudo realizado pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) chamado “Investimentos na Indústria”, nos períodos de 2023 a 2024 mostra que a proporção de grandes indústrias com planos de investimento para 2024 no Brasil aumentou de 68% para 73%.
O setor industrial no Tocantins gera um PIB Industrial de R$5 bilhões e equivale a 0,3% da indústria nacional, empregando 36.832 trabalhadores. São 78,3% de micro empresas com até 9 empregados. 39,6% com serviços da indústria e 29% da construção civil; 15% na atividade de alimentos, que obteve uma participação na indústria de 9,1% entre 2011 a 2022. (https://perfildaindustria.portaldaindustria.com.br/estado/to).
Karolliny Neres
Aluna do 6º período do Curso de Jornalismo, matéria revisada pela profa. Dra. Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi, editora chefe do OCalangopress.







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