Pré candidatura de Charleide Matos à Prefeitura de Palmas desafia a sociedade e visa furar a bolha do poder político

O silenciamento sobre a decisão do PSOL reflete a dificuldade das mulheres se inserirem no jogo do poder

Charleide Matos, durante a palestra para os acadêmicos do curso de Jornalismo da UFT

A pré-candidatura de Charleide Matos, mulher negra, pobre e periférica, para a prefeitura de Palmas, no próximo pleito eleitoral, do dia 6 de outubro é um desafio e uma novidade para um país que tem apenas 2% de mulheres negras no congresso nacional.

Charleide Matos é uma “negra retinta”, como se define, chegou em Palmas no começo da formação da cidade e ocupou uma área do Sussuapara, quando acreditou que poderia fazer a vida no novo estado, foi despejada junto com outras pessoas. “O projeto do governo era que Palmas fosse habitada por pessoas ricas e de poder, os pobres eram mandados embora, mas nós resistimos e depois de ser despejada fui contemplada com um lote no Jardim Taquari”.

Começo político

O processo de inserção política aconteceu espontaneamente durante a pandemia da Covid-19. “Eu saía de bicicleta para arrecadar comida para as famílias, muitas mulheres perderam seus trabalhos e muitas entraram em depressão”, explicou na palestra realizada em comemoração ao mês da mulher, no curso de jornalismo da UFT.
Para saber mais sobre Charleide Matos, como pensa implementar sua base política, vencer os preconceitos e consolidar a candidatura à prefeita de Palmas, os estudates do curso de jornalismo, entrevistaram a candidata a prefeita de Palmas.

“Existe muita violência contra os movimentos culturais nas periferias, é a partir da cultura que os jovens se articulam e começam a pensar sobre suas vidas, e ocupar politicamente espaços na sociedade”.

Calangopress – O que sua candidatura traz de novo para as pessoas que moram em Palmas?

Charleide – É uma candidatura popular, da esperança, da mudança de base do poder. É na periferia que os movimentos sociais se iniciam, crescem e tornam-se uma ideia coletiva, que passa a ser levantada em todos os espaços.

Calangopress – A quem você vai direcionar sua campanha?

Charleide – Uma das minhas maiores preocupações são as mulheres mães de família e os jovens periféricos que precisam de esperança para realizar seus sonhos. Existe muita violência contra os movimentos culturais nas periferias, é a partir da cultura que os jovens se articulam e começam a pensar sobre suas vidas, e ocupar politicamente espaços na sociedade.

Calangopress – Nas suas falas você pontua a importância da mulher negra não só na sociedade mas, nos espaços de poder. Quais propostas sua candidatura traz para melhorar a vida dessas mulheres?

Charleide – Mais creches para que as mães não tenham seus filhos cooptados pelo tráfico. A educação deve ser um espaço de acolhimento, as creches devem oferecer alimentação adequada. Penso numa sociedade inclusiva para todos, ou para quem mais precisa.

Calangopress – Mas quem é prioridade? Incluir quem?

Charleide – Por exemplo, olhando para situação das mães de crianças PcDs, boa parte delas estão sozinhas. As minhas principais bandeiras são o Feminismo Antiracismo, Tarifa zero nos ônibus e o SUS. Eu represento as minorias, sou uma mulher pobre, preta, mas sempre lutei, nunca faltou pão na mesa dos meus filhos. Vejo a mulher na sociedade protagonizando este ideário de mundo. Um mundo com lugar de acolhimento de transformação positiva e expansão de oportunidades para os jovens.

CalangoPress – É muita coisa Charleide…

Charleide – Não é muita coisa já era para esses problemas nem mais existir, mas há omissão do poder público. As mulheres são o esteio da família, é preciso levantar essas companheiras é preciso olhar com respeito para as empregadas domésticas, ouvir e atender a luta das mulheres que têm filhos PcDs, por exemplo, teremos um mundo melhor.

Calangopress – Existe o preconceito contra você pela sua cor, pela seu sexo, pela sua situação econômica e social. Dizem que você não fala direito e não tem conhecimento suficiente para ser a prefeita de Palmas….

Charleide – O feminismo antirracista, é uma bandeira que me prepara para tudo. Eu tenho graduação incompleta em direito e faço filosofia na Nova Acrópole, mas também tenho várias formações na ária de direitos humanos e vou continuar estudando, porque sei que tenho muito a aprender, mas acredito que a luta gera reconstrução e a experiência de vida me deu sabedoria, é preciso olhar o próximo antes de si mesma, isso é vocação política.

Entrevista de Ítria Corrêa

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INTRUSIVA

Amanhã, dia 5/12, o curta Intrusiva, será exibido às 19h no recém inaugurado Cine Capivara, localizado no bloco B da UFT.

Intrusiva é um curta-metragem protagonizado pela estudante de Jornalismo, Pollyanna Ferreira, que interpreta a realidade de uma garota cega, que tem a habilidade de ver o pensamento das pessoas.

AMANHÃ É DIA DO BARU

Amanhã, dia 29/11 a Comunidade Quilombola de Barra de Aroeira , localizada no município de Santa Tereza do Tocantins, vai comemorar o Baru, uma castanha do Cerrado, que tem uma importância crescente na economia.

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Um Projeto de Pesquisa e Extensão idealizado para as atIvidades práticas de reportagem, produzido com a participação dos acadêmicos do curso de jornalismo da UFT.

Vinculado ao Núcleo de Jornalismo (NUJOR), o Calangopress funciona como laboratório para as atividades práticas do estágio, supervisionado pela Prof. Dra. Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi.