Cerrado do Tocantins é barganhado pelas políticas públicas estaduais

Maloiri Xerente e Fenelon Milhomem, 17 de dezembro de 2021, CalangoPress, UFT, Palmas -TO

A soja cresceu bastante no período de 1990–2015, passando de 260 mil toneladas em 1990 para 10,8 milhões de toneladas em 2015, isto é, um aumento de 4.028% em 25 anos, segundo dados do documento Dinâmica Agrícola do Cerrado, de Édson Luis Bolfe e outros autores, coproduzido pelos Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais( INPE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A soja se alastra pelo Cerrado brasileiro, na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), há um predomínio de 8,8% e, nos demais Estados, a fatia da soja respondeu por 4% do total da região desmatada.

No Tocantins a Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Bananal/Cantão é a maior Unidade de Conservação do Tocantins e integra a segunda maior região produtora de soja do Estado, estabelecendo uma relação de interesses econômicos, sociais e ambientais muitas vezes conflitantes.

O professor e pesquisador do curso de Geografia, Elizeu Ribeiro Lira, diz que a evolução do agronegócio nas áreas de proteção é uma política pública que advém do início da construção do Tocantins, e que a prática é nefasta e vem junto com as políticas públicas do ex governador Siqueira Campos.

Pesquisa de Deny César Moreira nas Áreas de Proteção Ambiental (APA), no Tocantins, demonstra o crescimento de mais de 1.700% áreas de plantio de soja em um período de oito anos. Tal cultivo ocorre em grandes latifúndios, impulsionado pelo clima e pelos baixos preços das terras, sendo a falta de mão de obra qualificada a principal dificuldade encontrada pelos sojicultores.

O avanço da soja promoveu significativo desmatamento na região, no mesmo período em que houve uma flexibilização na legislação ambiental do Estado, o que permitiu a ocupação de áreas até então protegidas.

O estudo diz que a “distribuição espacial da cultura da soja na APA por meio de imagens de satélite, além de comprovar a expansão da cultura, identificou que 25% da área plantada está em locais proibidas para o plantio, assim determinadas pelo Plano de Manejo da própria Unidade, comprovando assim o não cumprimento da legislação ambiental por parte dos produtores locais”.

A professora de Direito Ambiental Suyene Monteiro da Rocha, da UFT, coordenadora do grupo de pesquisa Políticas Públicas Ambientais, disse que é preciso haver um equilíbrio entre a exploração capitalista da expansão da fronteira agrícola com a preservação ambiental do Cerrado de maneira efetiva.

A professora lançou um e-book sobre as riquezas do Cerrado para alunos das séries iniciais para que possam desde cedo entender este ambiente tão rico em espécies vivas, são segundo o ICMbio, 200 espécies de mamíferos, 800 espécies de ave, 180 de répteis, 150 de anfíbios e 1200 espécies de peixes, que nadam pelas três maiores bacias hidrográficas do continente, cujas nascentes situadas no bioma elevam o potencial aquífero da área.

Vamos ouvir as opiniões do professor e geógrafo, Eliseu e da professora de Direito Ambiental, Suyene Rocha.

Entrevista de Fenellon Milhomem ao professores Elizeu Lira e a professora Suyene Rocha
Capa do e-book Brincando e reconhecendo o Cerrado

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