A Covid-19 é um dos motivos que contribui para escalada crescente de depressão e mortes nas aldeias
Maloiri Xerente publicado em 24/11/2021 às 12h22, Calangopress, UFT, Palmas-TO
Edição de áudio: Júnior Aires
O suicídio nas comunidades indígenas tem aumentado vertiginosamente no Brasil, e o Tocantins está entre os estados da federação que apresenta crescimento de mortes e aumento de doenças mentais, é o revela Eliane Franco Martins, coordenadora do Cimi regional Goiás e Tocantins de Palmas.
No Tocantins, o número tem aumentado a cada ano, segundo dados divulgados pela coordenadora, no ano de 2013, dos 79 suicídios entre indígenas no Brasil, 3 eram do Tocantins; em 2017, foram 126 casos, sendo 7 no Estado, um aumento relevante .
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), informou que em dezembro de 2020 a taxa de mortalidade pelo SARS-Cov-2 entre povos originários estava cerca de 16% maior que a taxa nacional. Em fevereiro de 2021, já haviam sido confirmados 49 mil casos, afetando 162 etnias e 970 indígenas mortos (APIB, 2021).
Na Amazônia brasileira, dados levantados a partir da rede de lideranças e dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), evidenciam que em 2020 a taxa de incidência entre esses povos era praticamente o dobro da média nacional.
Pesquisa recente realizada por Júlio Schweickardt, da Fiocruz, indica que as famílias indígenas foram fortemente atingidas pela pandemia, ocasionando óbitos e insegurança sobre o bem-estar social da comunidade.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), emitiu relatório constando que nos últimos 16 anos foram registrados 782 suicídios nas comunidades indígenas brasileiras, variando de 30 a 73 casos por ano. Neste mesmo ano, a taxa de suicídio entre os Guarani-Kaiowá, por exemplo, era doze vezes maior que a taxa nacional de morte pelo mesmo motivo.
O livro Saúde & Amazônia, Bem-viver: saúde mental indígena, organizado por Michele Rocha El Kadri e outros pesquisadores indica que “O suicídio vivido por algumas comunidades indígenas é uma forma de violência que pode ser intensificada com o advento da pandemia de COVID-19 e assume diferentes configurações ao longo da história e se expressa de distintas formas nas diversas sociedades, só sendo possível compreendê-lo considerando o contexto histórico e sociocultural em que ocorre”.

A coordenadora Eliane Franco Martins, do Cimi, nos explicou como esses eventos estão ocorrendo nas comunidades indígenas, e que foram acentuadas com o advento da covid-19. Escute os detalhes no podcast.
Acesse o livro: Bem viver – Saúde Mental Indígena – 1ª edição-Porto Alegre – 2021- Rede UNIDA. https://editora.redeunida.org.br/wp-content/uploads/2021/05/Livro-Bem-viver-Saude-Mental-Indigena.pdf






Deixe um comentário