Luta pela titularidade das terras de Aroeira se intensifica

Na ocasião em que o município de Santa Tereza faz aniversário uma pedalada sairá da cidade até o Quilombo

Por Nívea Aires, do Calangopress, Palmas, 13 de Junho de 2021

No dia 1º de julho, a luta dos moradores do Quilombo de Barra de Aroeira se intensifica, na ocasião em que o município de Santa Tereza, faz aniversário e dessa vez com o apoio da Prefeitura de Santa Tereza.

A manifestação dos moradores e apoiadores no dia 4 de junho, com a presença da COECTO (Coordenação das Comunidades Quilombolas do Tocantins) e Centro de Direitos Humanos do Tocantins, além de ONGS como Ecoterra vai ser ampliada numa pedalada saindo de Santa Tereza até o quilombo.

Foto: Carlos Franco, Agência Pegadas/Nujor: Jovem quilombola de Barra de Aroeira

A educadora popular e Conselheira Estadual dos Direitos Humanos e veterana nos movimentos sociais, Maria Vanir, que acompanha o desenrolar do processo, disse que o conflito ocorre porque o Estado quer tirar deles a maior parte das áreas, “querem dar para eles apenas um pequenino pedaço de terra, apenas onde eles vivem”, explica.

A dimensão da área registrada para titularidade é de 62.315 hectares, segundo registro da Comissão Pró-Índio de São Paulo (https://cpisp.org.br/barra-do-aroeira/), que vem continuamente sendo diminuída e desmatada.

Áreas destinadas ao Quilombo de Barra de Aroeira estão sendo invadidas por fazendeiros

Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) identificaram, entre janeiro e dezembro, segundo levantamento da plataforma MapBiomas, o desmatamento de pouco mais de 602 hectares em Barra da Aroeira, o maior do Brasil em terras quilombolas.

Aliado ao desmatamento ocorre o fim das nascentes ocasionado pelo avanço de pecuaristas e sojeiros nas terras do quilombo. Barra da Aroeira é cercado por riachos e afluentes do Rio das Balsas, um dos principais da região.

Em entrevista ao CalangoPress, Maria Vanir disse que “assim como o Quilombo de Barra de Aroeira, outros quilombos do Tocantins seguem sem o registro de titularidade, ainda que um decreto, desde 2003, oriente essa ação”.

Em 2017, apenas 44 comunidades quilombolas foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP). Porém, mesmo depois desse reconhecimento, continuam precisando da titularidade da terra.

A história do Quilombo de Barra de Aroeira é literalmente de lutas. Remonta os anos de 1864 a 1870, tempo que durou a guerra entre Brasil, Argentina e Uruguai, contra o Paraguai.

Na ocasião foram chamados os escravos libertos para combater junto aos soldados de ambos exércitos tanto do Paraguai, como do Brasil e dentre eles estava o negro liberto Félix José Rodrigues, que recebeu como recompensa pela atuação no fronte de batalha, as extensões de terra do alto Goiás, que eram desvarlorizadas, e onde, hoje está localizado o quilombo de Barra de Aroeira.

Saiba mais sobre o “Quilombo de Barra de Aroeira”, no podcast de Nívea Aires.

Postado por Mateus Soares, estagiário Nujor

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