No enfretamento à covid-19 estão também temas polêmicos como o conceito de indígena aldeado e não aldeado, a distinção tem causado transtorno no combate à pandemia
Por Kleidiane Araújo
Hoje, dia 19 de abril, comemora-se o dia do índio no Brasil, mas passados 521 anos desde o descobrimento em 21 de abril, o contato do indígena com o não índio, “não nos permite comemorar”, disse Célio Pereira de Souza, ou Célio Tohká Kanela, uma liderança Kanela e militante do Movimento Estadual de Direitos Humanos do Tocantins.
A situação de saúde indígena foi abordada numa videoconferência para que fossem discutidos os protocolos do enfrentamento à covid-19 entre os índios aldeados. A situação de discriminação entre os indígenas aldeados e os que vivem na cidade, ou os “desaldeados” foi um ponto importante na conferência. “Não vai deixar de ser índio quem está fora das aldeias, muitos que estão fora das aldeias estão lutando por melhores condições de vida, educação e saúde”, disse Robson Javaé.
Narúbia Werreria Karajá apontou os itens que serão cobrados para os conselhos “é preciso uma força tarefa, enviar uma carta para todos os órgãos entre os quais o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SESAI) que são: apresentação do plano de vacinação, transparente e acompanhado; campanha e incentivo à vacinação; excluir a distinção de indígena aldeado e não aldeados.
Uma das colocações feitas por Renato Yahé Krahô, que é vereado na Câmara de Itacajá foi que é importante aproveitar a vinda do ministro da Saúde e do secretário da Saúde do Estado para as aldeias do Tocantins e entregar em mãos, um encaminhamento para que sejam ouvidas as necessidades emergentes dos povos indígenas, sejam aldeados ou aqueles que estão nas cidades”.
O indígena Antonio Veríssimo Apinajé disse que “não podemos esquecer que estamos vivendo num momento de um governo negacionista e racista, os nossos estão morrendo, os quilombolas, também, é uma estratégia desse governo”.
Rafaela Karajá aponta a distinção entre os indígenas que são casados com não indígenas, e para ela “o casal deve ser vacinado, porque senão não tem como manter a prevenção do vírus”. Também disse que “é preciso acabar com esta definição de indígena aldeado e de contexto urbano, isso surgiu na transição da Funai para o SESAI”, afirma.
Sheila Apinajé afirma que muitos indígenas não estão cadastrados ou inscritos no (Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena) SESAI, e que isso dificultou muito a vacinação. Ela afirma que quando a pessoa sai da aldeia, a pessoa já sai do SESAI e reforça que precisa de ajuda das lideranças para tentar resolver a situação.

Narubia afirma que desde o início da vacinação estão como grupo prioritário e afirma que não está tendo transparência com relação a contratação da SESAI. “A Transparência é um princípio constitucional fundamental e temos que cobrar isso,” afirma Narubia.
Entenda melhor o assunto assistindo a videoconferência pelo link abaixo:
https://drive.google.com/file/d/1W_OTZs94LtTioZCudennnzEsgHIXORHe/view?usp=sharing
Postado por Mateus Soares, estagiário Nujor
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