Gerente da RPPN Catedral do Jalapão adverte sobre os impactos que o turismo sem controle provoca no Parque Estadual do Jalapão

As  Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) servem para assegurar as características originais do ecossistema

Por Kennedy Carneiro

As unidades de conservação são criadas por iniciativa do proprietário rural, são donos de terras que desejam proteger uma parte ou toda área, para a preservação perpétua. “Uma vez que a área é protegida não poderá ser alterada”, explica Lúcio Flavo Adorno, que é responsável pela RPPN Catedral do Jalapão.

Uma RPPN tem a função de proteger as características originais do ecossistema local, pois são áreas de proteção integral. Essas áreas só podem ser utilizadas para educação ambiental ou ecoturismo, desde que haja um zoneamento ambiental do espaço a ser usufruído.

A RPPN da Catedral do Jalapão, localizada no município de São Félix/TO, possui 325 hectares, foi reconhecida pelo ICMBIO em 2010. A área tem por objetivo servir como laboratório prático de pesquisas científicas de forma multidisciplinar.

“Ao longo desses 11 anos implantamos uma estrutura mínima de fiscalização, controle e manejo contra queimadas, bem como práticas criminosas danosas ao meio ambiente como caça e pesca. Durante esse período conseguimos algumas conquistas. São resultados importantes. A fauna e flora têm se desenvolvido. Precisamos de turistas no parque, mas quando esse turismo não é feito de forma adequada isso acaba gerando impactos ambientais gravosos para a preservação”, explica.

“Sofremos com falta de apoio financeiros por parte do setor público e do setor privado, bem como apoios institucionais. Alguns agentes de viagens sequer respeitam as limitações do parque do Jalapão. Utilizar a área, sem respeitar as regras de uso coloca em risco todo o trabalho de preservação já implementado”, afirmou o professor.

Para o pesquisador, a visitação em áreas naturais é sempre significativa e bem vinda, “através das visitações os turistas adquirem conhecimento de como é a natureza do lugar, suas características de fauna e da flora, bem como passam a compreender a ligação do indivíduo com o meio ambiente”.

Serra da catedral, RPPN, Jalapão. Foto de Arquivo.

Os impactos ao ambiente “são de todo gênero, tanto de redução da vegetação nativa quanto de expulsão da fauna local, poluição das águas e isso requer um monitoramento contínuo”, admite. “Quando não há nenhum tipo de monitoramento, controle ou limitação, tanto dos acessos, forma de uso e permanência na área, ocorrem comportamentos inadequados com relação ao ecossistema”, o que significa depredação e às vezes esgotamento dos espaços naturais.

O professor se dedica desde 2005 a estudos relacionados ao Jalapão. Foi responsável pelo primeiro levantamento técnico da capacidade de carga dos atrativos do Parque Estadual do Jalapão. Com experiência na área e conhecedor da região, o professor Lúcio Flavo afirma que o turismo é importante, mas que é preciso respeito às normas ambientais.

Lúcio Flavo Marini Adorno é geógrafo, pesquisador e doutor em meio ambiente pela UFRJ e fundou em 2010 a RPPN Catedral do Jalapão no município de São Félix do Tocantins/TO com intuito de preservar a fauna e flora local.

Adorno explica que uma RPPN é a abreviação de Reserva Particular de Patrimônio Natural, na prática, trata-se de uma unidade de proteção oficial que consta no sistema nacional de unidades de conservação em âmbito federal. São cerca de 1600 RPPN’s espalhadas pelo Brasil, no estado do Tocantins são 11.


 (Foto: Arquivo https://www.rppn.org.br/)

Confira no podcast abaixo, a fala do Gerente da RPPN Catedral do Jalapão, Lúcio Flavo Marini:

Postado por Mateus Soares, estagiário Nujor

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