Por Isabela Leão
A castração de animais domésticos se tornou uma questão de saúde pública, não só do bem estar do bichinho, mas os órgãos públicos responsáveis dificultam o agendamento pelos donos dos animais que estão interessados em realizar o procedimento.
Além do controle populacional, segundo a estudante de veterinária Wanessa Benmuyal, que trabalha na clínica veterinária do CEULP/ULBRA, o procedimento evita principalmente o câncer de mama em cadelas e gatas, problemas testiculares em cães e gatos, além de doenças comportamentais e metabólicas.
Em Palmas, o procedimento pode ser realizado de forma particular, em feiras de castração – nesse caso, voltadas para população de baixa renda -, ou pela Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVCZ), de forma gratuita.

Para conseguir o procedimento pelo UVCZ, é necessário fazer cadastro no site disponibilizado pela prefeitura, durante o período em que os agendamentos estão abertos. As vagas são limitadas, e as cirurgias são feitas no mês seguinte aos do agendamento.
O jornalista Neto Gasparetto e a advogada Ísis Souza castraram os animais pelo órgão, mas tiveram experiências diferentes. Para Neto, o saldo foi positivo. “O atendimento no dia da cirurgia foi ótimo. Senti segurança ao deixar meu pet com eles para realizarem o procedimento”, diz.
Já para Ísis, nem tanto. Segundo ela, não houve pontualidade do veterinário com os atendimentos, e “comparado ao procedimento particular, os pontos são bem medíocres, tanto que nas duas vezes os pontos dos meus gatos abriram”. No entanto, segundo ela, eles são bem claros com os cuidados no pós-operatório, além de ser um serviço gratuito, o que é um ponto positivo.
Um dos problemas do serviço é a grande procura de vagas e a pouca quantidade oferecida, isso leva muitos donos a procurar veterinários particulares. Patrícia Nepomuceno foi uma delas. “Não usei o CCZ porque a disponibilidade de vagas são pouquíssimas. Fiquei acompanhando a liberação de agendamentos por quase um ano, nem todo mês abria agendamento, e para fêmea era mais raro ainda.”
A estudante de psicologia Bruna Medeiros também passou por isso. “Você entra no site, e ele tem uma data. Por exemplo, se você entrar hoje, falam que vão abrir dia primeiro de junho. Você entra na data, eles já passaram dia 2, você entra no dia 2, já passaram para o dia 3. Nunca abre na data que eles falam que vão abrir e, quando realmente abrem, a data passou, e as vagas já se encerraram.”, lamenta.

Além da incoerência com datas e vagas, outro problema relatado foi o fato de que não se abrem vagas para machos e fêmeas, nem para diferentes espécies uma única vez. “Uma das dificuldades que encontrei foi no agendamento de castração de fêmeas, porque a quantidade de vagas que eles abrem é pouca em comparação com a quantidade que abrem para machos. Até conseguir de verdade, foram uns 3 meses tentando. Quando consegui, as vagas para fêmeas se esgotaram em 10 minutos após a abertura.”, destacou Neto.
Já Carolina Monteiro ressaltou o receio com o procedimento. “Eu optei por levar em veterinário particular, porque quando procurei saber sobre o CCZ, pessoas me informaram que eles não dão o suporte necessário para o animal.”
A divulgação do serviço não é feita de forma abrangente, e o site de cadastro não oferece explicações sobre os procedimentos para os donos de animais que desejam realizar o serviço. Os telefones oferecidos de contato também não atendem.
A importância da castração, independente se feita de forma particular ou gratuita, deve ser mais divulgada. Isso porque ainda falta conscientização, como ressalta Wanessa Benmuyal. “Infelizmente falta conscientização para os donos dos animais sobre as enfermidades que podem acometer aos seus bichos.
Muitas vezes quando falamos sobre castração, eles ainda têm uma visão rebuscada de que vai tirar a masculinidade ou de que é maldade, quando na verdade é muito importante para a saúde do animal e também para controle populacional dos cães e gatos de rua, sendo por isso importante para a saúde humana também”.
Para fazer a castração, os animais precisam ter mais de seis meses de vida; deve estar saudável e em bom estado corpóreo (não obesos e não caquéticos); as fêmeas não podem estar prenhes, amamentando ou no cio; o animal deve estar em jejum de água e comida desde as 18 horas do dia anterior à castração, e, pelo UVCZ, é necessário nome, endereço do proprietário, além dos dados do animal.
O UVCZ foi procurado para falar mais sobre os procedimentos e as reclamações dos usuários, mas não conseguimos contato.






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