Por Sarah Melisa

Todos os dias utilizamos a água sem notar o quanto ela é essencial para a manutenção do nosso cotidiano. Lavamos as mãos, tomamos banho, escovamos os dentes, cozinhamos ou lavamos nossas roupas com tranquilidade, confiando na água que sai da torneira.

A praticidade de uma água encanada, que pode parecer simples para muitos, é um verdadeiro luxo para quem vive sem saneamento básico. A dura realidade dessas pessoas que sofrem para realizar tarefas básicas do dia a dia, na maior parte das vezes, não nos atinge com todo o impacto que deveria.

No Brasil o saneamento básico não era uma realidade até ontem, a pouco mais de cinquenta anos somente 5% do esgoto coletado era tratado, sendo que apenas ⅓ da população tinha acesso à rede de coleta. Foi só na última década que essa situação começou a sofrer mudanças, o número de casas ligadas à rede de água e esgoto aumentou. Mas infelizmente ainda há uma gorda parcela de brasileiro que ainda não recebem água encanada, ou possuem banheiros conectados a redes de coleta.

Os impactos desse défice do sistema de saneamento atingem a população de diversas maneiras. A falta de acesso à água potável, a falta de coleta e tratamento do esgoto apresentam suas consequências diretamente na saúde pública.  Tomamos água todos os dias, se houver a presença de micro organismos maliciosos nesta água estaremos consumindo uma grande quantidade deles, ou tomando banho, ou escovando os dentes e até mesmo cozinhando com uma grande quantidade de bactérias.

É por isso que quando uma comunidade não possui um sistema de tratamento e distribuição de água ela fica sujeita a infecções intestinais e parasitas, entre outros males. Isso por que, a água muitas vezes é obtida de fontes inadequadas e armazenadas de maneira imprópria, em baldes, tambores e bacias que podem estar contaminados.

Mas não é só a saúde que é negativamente impactada, o bem estar comunitário também. O saneamento é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. Esse serviço eleva a qualidade de vida da população, além de ser indispensável na construção civil, agricultura, e em outros setores da economia e do mercado.

Então por que tantas pessoas ainda não possuem água encanada e esgoto no Brasil? O plano nacional de saneamento visava atender 90% da população em 2033, mas já em 2018 o governo admitiu que não será possível cumprir essa meta. Ou seja, com 15 anos de antecedência já sabemos que a situação de precariedade do saneamento básico brasileiro não vai mudar muito.

A falta de responsabilidade e competência das gestões envolvidas e o ritmo lento das obras destinadas a esse setor tornam a solução desse problema inalcançável em quase duas décadas. Um descaso com quase metade da população brasileira que vive hoje sem saneamento, expostas a epidemias e ameaças à saúde.

A Lei nº. 11.445/2007, estabelece o Saneamento como direito básico do cidadão, mas isso  nada significa para os 43% dos brasileiros que sofrem todos os dias, vivendo sem as condições mínimas de dignidade e sendo esquecidos pelo poder público e pela sociedade.

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Um Projeto de Pesquisa e Extensão idealizado para as atIvidades práticas de reportagem, produzido com a participação dos acadêmicos do curso de jornalismo da UFT.

Vinculado ao Núcleo de Jornalismo (NUJOR), o Calangopress funciona como laboratório para as atividades práticas do estágio, supervisionado pela Prof. Dra. Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi.