Jessica Rosanne

 Ana Lucia (1)

O dia da consciência negra é celebrado no dia 20 de novembro no Brasil. É dedicado às reflexões sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, à situação das mulheres negras, que têm lutado há séculos em busca de equidade e justiça social, este dia é de luta.

“O processo de desigualdade no país que é lembrado no dia da consciência negra afeta diretamente a mulher negra, que em sua maioria é discriminada por ser pobre, por ser negra, pelo simples fato de ser mulher”, afirma Ana Lúcia Pereira, professora do curso de Direito na UFT.

A escritora, Grada Kilomba, diz que a mulher negra é o outro do outro, devido a invisibilidade referente às suas demandas. “Eu reafirmo que a mulher negra tem que ser bailarina de sua própria vida, apesar de estar na base da pirâmide social”, disse Lucirene Oliveira, servidora pública e auxiliar de serviços gerais. “No ano de 2016, mesmo trabalhando como auxiliar de serviços gerais e mãe sozinha de cinco filhos, consegui me formar em contabilidade, pelas cotas no Prouni”, explica Lucirene.

“O ano de 2015, foi um marco para as mulheres negras militantes dos movimentos sociais pois a partir deste ano elas se articularam num projeto nacional conhecido como Marcha Nacional das Mulheres Negras”, disse Janaina Costa, militante do movimento negro.

O movimento das mulheres, a criação de moções, as manifestações públicas contra as violências que atingem a mulher negra são fundamentais para a mobilização e a articulação de conquistas. A exemplo disso temos a mobilização que ocorreu esse ano por conta da importunação sexual das mulheres em ônibus, que acabou virando lei, uma alteração importante que serve como conquista das mulheres em geral, mas que estimula a luta das mulheres negras.

Os avanços estão surgindo e com certeza são o resultado da mobilização da sociedade, das mulheres e sobretudo das mulheres negras. “Para diminuir as desigualdades que afetam as mulheres negras é necessário reconhecer que o problema existe e tratá-lo como problema social, de grande vulto, de grande importância”, enfatiza Janaina.

O problema social do racismo

Por volta das décadas de 60 e 70, o racismo ainda   não era tratado como problema social no Brasil. “Essa luta progressiva foi resultado da união da população negra, que recebeu apoio internacional”, explica a professora Ana Lúcia Pereira. “Podemos destacar que o movimento em 1988 discutiu sobre os 100 anos, da abolição da escravatura e foi possível demonstrar ao nosso país que o negro tinha que ser reconhecido”, esclarece.

Para a professora Ana Lúcia os negros estão principalmente nos locais vulneráveis e desvalorizados, formando uma espécie de pirâmide invertida. “O que o diferencia é como as pessoas o veem, se ele está em situação de subalternidade ele é tratado como negro, se ele está em posto bem alto as pessoas os tratam como branco”, argumenta, completando que “sempre que existe a invisibilidade da população negra no Brasil, isso se dá porque as pessoas têm preconceito de ter preconceito”, pondera.

A questão do racismo é pauta mundial, disse Abdala Mussa Inaque, moçambicano e mestrando em ciência política pela UFPA em intercâmbio na UFT. “No Brasil o que queremos dizer quando falamos em consciência negra?  Qual é a posição econômica que o  negro  ocupa? O que estamos fazendo para combater as desigualdades sociais?!” Questiona.

 

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Um Projeto de Pesquisa e Extensão idealizado para as atIvidades práticas de reportagem, produzido com a participação dos acadêmicos do curso de jornalismo da UFT.

Vinculado ao Núcleo de Jornalismo (NUJOR), o Calangopress funciona como laboratório para as atividades práticas do estágio, supervisionado pela Prof. Dra. Maria de Fátima de Albuquerque Caracristi.